O guaxinim passou correndo pelo tamanduá. Curioso, o tamanduá perguntou ao guaxinim aonde ele ia com tanta pressa. O guaxinim respondeu, mas o tamanduá não ouviu direito. Só deu para entender que a palavra terminava em “eiro”.
— Dinheiro? Deve ter alguém dando dinheiro! Vou lá também!
E desandou a correr atrás do guaxinim.
Os dois passaram correndo perto do cachorro-do-mato.
— Aonde vocês vão correndo desse jeito? — perguntou ele.
— Dinheiro! — respondeu o tamanduá, sem diminuir a carreira.
— Bombeiro!? — exclamou o cachorro-do-mato.— Será que a mata está pegando fogo?
Saiu então correndo atrás do tamanduá, que corria atrás do guaxinim,
O sapo viu os três correndo e perguntou:
— O que está havendo? Que pressa é essa?
— Fogo!— gritou o cachorro-do-mato.
— Jogo!?— Ih, é mesmo! Acho que a decisão do campeonato já começou!
E foi pulando atrás do cachorro-do-mato, que corria atrás do tamanduá, que corria atrás do guaxinim.
Vendo aquela correria, a ema perguntou o que estava acontecendo.
— Começou! — gritou o sapo.
— Tropeçou? Quem tropeçou?
Ih, caiu, está machucado? — assustou-se a ema.
E lá foi ela correndo atrás do sapo, que pulava atrás do cachorro-do-mato, que corria atrás do tamanduá, que corria atrás do guaxinim.
Logo o grupo chegou à casa do guaxinim, que entrou esbaforido, deixando os outros do lado de fora. Depois de um tempo, voltou sorrindo aliviado. Só então percebeu a presença dos outros bichos em frente à sua casa.
— Ué, o que vocês estão fazendo aí?
— Ué digo eu, guaxinim— disse o tamanduá. — Cadê o dinheiro?
—E o incêndio? A mata não está pegando fogo?— perguntou o cachorro-do-mato.
— E o jogo? Não é hoje a partida decisiva?— indagou o sapo.
—E quem tropeçou? — perguntou a ema.— Ficou muito machucado?
— Não tem nada disso não, pessoal! Respondeu o guaxinim.
— Então por que você estava correndo daquele jeito?
— Eu vim correndo porque estava morrendo de vontade de ir ao banheiro...
MaurícioVeneza, Meia palavra não basta. São Paulo,Atual.1998.
22:42
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